Tudo passa

No Caminho somos informados da morte de alguém muito querido de nossas relações.

Sentir o que ela está sentindo?

Como consolar, o que alivia uma filha que se foi?

Alívio, conforto, resignação, o fardo dos dias é acrescido das lembranças de quem não mais habita.

Inapelável, o corte da espada é apenas um.

O sangue que jorra e o ato em si só o tempo cicatrizará.

Temos a oportunidade de abreviar o tempo da dor?

Silêncio, pesadelos que virão, a vontade de sumir, qual o sentido disto tudo?

Movimento é vida, paralisia é o fim, o escoar do infinito é a sensação do desapego que cura todas as desgraças.

Pensar a vida de outra forma?

Aprender a tentar suportar antes que aconteça?

Será bom, nos fará mais felizes?

Buscar o consolo em Deus.

Bíblico, espírita, único, panteão de orixás, o Tao absoluto, o kamiza...

Pode- se não ter Deus. A inércia é o fim de todo o ser vivo.

Pode- se administrar a tentativa de se prevenir da dor e do inesperado e do não desejado, mas o sonho é que jamais ocorra...

O sonho é que os pais partam do convívio antes dos filhos...

O sonho materializa- se quando nosso fim não traumatiza e as lágrimas machucam mas seguimos íntegros.

O sonho é provocar um sorriso a constatação que este é o único fim mais cedo ou mais tarde.

O sonho é que tudo se justifique aqui e agora e seja feliz ao ler isto, que este momento seja único e do acordar ao dormir, ao amar, ao beber , ao comer, esteja consciente da maravilha que é cada batimento cardíaco, cada respiração , cada beijo, cada gota de suor...

O sonho é que minhas mãos possam tocá-la e extirpar sua dor e seu desânimo, que cada segundo que ainda resta até a sua hora seja vivido de maneira feliz e amorosa.

Dedicado a quem perdeu um ente querido.