terça-feira, 27 de março de 2018

O essencial e o hospital

No Caminho e um dia depois do outro.
A dor e os hospitais, nos dirigimos aos templos da ciência da cura, da mitigação do sofrimento, da busca de um pouco mais de vida.
Toda a luta para ter momentos de alívio,  vitória contra nossa pequenez, superar a sensação de desimportância ,e constatamos que algum poço profundo nos leva a depressão, a solidão, a perda do amor por tudo que não seja imediato e o silêncio alivia.
Voce está aqui e agora nada mais importa. 
Respeito a dor e a angústia e o sol nascerá independentemente de todo sofrimento.
Partiremos sem olhar para trás , o passado não importa, as dívidas serão enterradas com memórias de sorrisos.
Não desperdice lágrimas novas em tristezas antigas ensina Eurípides. 
Flaubert escreveu que a tristeza é um vício. 
Muitos omitem a morte nas suas citações pois o desconhecido as apavora.
Os japoneses e o ikigai, aquilo que dá significado a vida, o que dá sentido a um dia depois do outro. Construir vasos, criar filhos, embelezar o mundo, lutar contra os assassinatos insolúveis, pensar em como tudo poderia ser diferente se...
A lua nos inspira a manter o corpo firme para fazer algo bom.

Não é a intensidade, mas a duração dos sentimentos nobres que tornam os homens bons.
Friedrich Nietzsche


sexta-feira, 16 de março de 2018

Sobre a servidão voluntária


No Caminho e a plenitude.
As reflexões se misturam como as águas e os destroços da cidade.
A morte no Rio de Janeiro, a tristeza do Brasil degenerado,  o desrespeito em geral , a imundície.
É necessário irmos para muito além disto,  precisamos absorver as carências, lutar contra as injustiças, amenizar a dor  de quem pudermos oferecer nosso carinho.
Desenvolver o corpo como o receptáculo da mente voraz, destemida, insaciável. Estamos no trajeto da serenidade.
A espada afiada , embainhada, o olhar de desapego, a luta no paradoxo da sociedade dos prazeres.
Sobre  a luxúria, o amor, a dor do luto, o crescimento das plantas, um dia depois do outro.
Amar e suportar, desfrutar, e ou é,  nos maravilhamos ou nos perdemos nas palavras, estas se consomem em bytes para o esquecimento ou a  imortalidade...
Voce está aqui. 
Curiosa, perguntando ou respondendo, afastando, aproximando, marcando prazos, desejando  clientes, construções e cores e inovações e marketing e tudo pode ser fruto de uma ansiedade sem limites pois nos desejamos mais e mais...
Quando tudo tornar- se tolice o diamante estará em seu coração.
Descobrimos Étienne de La Boétie (1530-1563) e sua obra Discurso sobre a servidão voluntária,tradução Evelyn Tesche,1º edição em portugues 2017.
Por que alguém se submete? Por que somos obedientes?
A servidão voluntária está em nossos hábitos, escravizados pelo dinheiro, pela pressão  que nos impomos , a sociedade e seu código.
A servidão se reflete em como lidamos  com  os ódios, as dores insuportáveis de perdas que jamais retornarão.
Quais  nossos limites de tolerância e suportamento de assassinatos e estupros mentais e físicos?
O que nos permitimos obedecer? Este limite  é imposto pelo indivíduo e socialmente cobrado . 
Nos submetemos as armas, ao dinheiro, ao amor, ao mêdo da morte.
Como nos submetemos, qual a nossa dor, que desrespeito a faria matar ou morrer?
No Caminho nos submetemos ao treinamento árduo, o olhar para o pico da montanha.

  A servidão é amarga e a liberdade é doce, e devemos ter piedade daqueles que tem o pescoço sob jugo.
Étienne de La Boétie






quarta-feira, 14 de março de 2018

Cotidiano e lágrimas


No Caminho e as interpretações.
Os atos e suas consequências, o que fazemos e o que pensamos que fizemos, a contradição nos sentimentos inescrutáveis, a dúvida de ofertar e recusar e toda esmola é indigna, o que é precioso é o amor.
Nas ofertas de sentimentos amorosos, a ajuda desinteressada, existe esta possibilidade?
Nos gostaríamos de sermos esponja para absorver a tua dor.
Temos em nossa rota uma forma de ser que nos agiganta e isola.
Todos os dias como se fosse o último, um desejo descontrolado, o corpo não domestica a mente agressiva e conquistadora, a espada deverá estar embainhada para não realizar seu destino de matança e vingança e felicidade pelo poder e surgem  as lágrimas pela morte de inocentes e dor sem fim pelo que não pode ser consertado.
Este dia maravilhoso de sol e sensualidade e vontade de riqueza pode ser domesticado pela angustia e solidão?
Treinar sempre para que o fisiológico tome conta da alma, não se deixe vergar pela frustração, todos os dias nos aproximamos do fim.
Existe um fato inescapável, aos 19 ou 80 anos, uma solução entre luzes , os tibetanos nos orientam para que façamos o bem e teremos a nossa oportunidade de escolher as cores certas no Caminho único que teremos todos que enfrentar.

''A liberdade é algo que se tem e não se tem ao mesmo tempo, a liberdade se conquista.''
Nietzsche